Ministério da Saúde Investigará Morte de Turista por Suposta Picada de Aranha-marrom na Bahia
Óbito de Turista Paulista Levanta Suspeitas de Picada de Aranha-marrom
O Ministério da Saúde anunciou a investigação da morte do jornalista e advogado Cid Penha, de 65 anos, ocorrida no último domingo (14), supostamente causada por uma picada de aranha-marrom. Penha, morador de Santos, litoral de São Paulo, estava em viagem de lazer a Morro de São Paulo, um dos destinos turísticos mais procurados da Bahia. Durante a viagem, ele foi picado na perna, resultando em uma lesão que evoluiu para necrose.
Relato dos Acontecimentos e Atendimento Inicial
No dia 9 de julho, durante um jantar com amigos após um passeio de lancha, Penha mencionou sentir um incômodo na panturrilha, onde notou um inchaço e vermelhidão. No dia seguinte, ele procurou atendimento na Unidade Básica de Saúde de Morro de São Paulo. Devido à incerteza sobre a causa da lesão, a equipe médica seguiu protocolos para picadas de insetos não identificados e encaminhou o paciente à Santa Casa de Valença, unidade de referência para aplicação de soro antiofídico.
Transferência e Complicações Médicas
Na Santa Casa de Valença, apesar de a picada por aranha-marrom ser considerada improvável devido à raridade da espécie na região, os médicos procederam com os tratamentos necessários. No entanto, o quadro de Penha não melhorou. A coloração escura da lesão e o início de necrose na região da picada agravaram a situação. Considerando o histórico de cardiopatia do paciente, ele foi transferido para o Instituto do Coração (Incar), em Santo Antônio de Jesus, onde veio a falecer.
Análises e Investigações
Raridade da Aranha-marrom na Região
Rejane Lira, coordenadora do Núcleo Regional de Ofiologia e Animais Peçonhentos (Noap) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirmou que o registro de aranha-marrom é extremamente raro na região de Morro de São Paulo, localizada na Mata Atlântica. Segundo Lira, a espécie Loxosceles, conhecida pela toxicidade de seu veneno, é mais comum em áreas de caatinga e cavernas, especialmente na Chapada Diamantina.
Exames e Avaliações Específicas
Os exames conduzidos para determinar o tipo de veneno responsável pelo óbito ainda estão em andamento. Lira ressaltou que a insuficiência renal aguda é a principal causa de morte associada à picada da aranha-marrom. No caso de Penha, os sintomas indicam possíveis ações neurotóxicas, como insuficiência respiratória, que não são características do veneno da aranha-marrom. Fotos da lesão foram enviadas para especialistas, que também consideraram improvável a relação com a aranha-marrom.
Ações das Autoridades de Saúde
Procedimentos da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde
A prefeitura de Cairu, município responsável por Morro de São Paulo, está realizando uma varredura nas áreas visitadas por Penha em busca de animais peçonhentos. A Secretaria Municipal de Saúde assegurou que todos os protocolos foram seguidos até a transferência do paciente para a unidade de referência.
Nota da Santa Casa de Misericórdia de Valença
A Santa Casa de Misericórdia de Valença declarou que, em menos de 30 minutos após a chegada de Penha, a equipe plantonista acionou o Centro de Informações Anti-Envenenamento da Bahia (Ciatox-BA), que indicou a improbabilidade da picada por aranha-marrom. O paciente permaneceu consciente e recebeu suporte clínico e médico até sua transferência.
Investigações em Andamento
O Ciatox-BA e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia estão conduzindo investigações detalhadas sobre o caso. Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2024 foram notificados 605 casos de acidentes com aranhas na Bahia, resultando em três óbitos. No entanto, nenhum caso recente semelhante ao de Penha foi registrado.
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Medidas de Precaução
Ao viajar para áreas onde há possibilidade de encontro com animais peçonhentos, é essencial tomar medidas de precaução, como usar roupas adequadas, evitar locais com vegetação densa e procurar atendimento médico imediato em caso de picada ou mordida.
Por: Redação acsace.com.br Fonte: GZH