Wolbachia: Campo Grande e Petrolina Recebem Acompanhamento Técnico da OPAS

Método Wolbachia Contra a Dengue: Resultados Promissores

Fotos: Flávio Carvalho/WMP Brasil/Fiocruz
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Quatro anos após o início dos projetos, os municípios de Campo Grande e Petrolina, no Brasil, encerraram a soltura dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia (wolbitos) para combate à dengue, chikungunya e zika. A iniciativa faz parte de um projeto iniciado em 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o World Mosquito Program (WMP), as prefeituras de Campo Grande e Petrolina e os estados do Mato Grosso do Sul e Pernambuco, com acompanhamento técnico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Liberação de Aedes aegypti com Wolbachia

A liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia no meio ambiente é uma técnica inovadora que tem sido implementada por diversos países. Esse método impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam no inseto, contribuindo significativamente para a redução dessas doenças. A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do mosquito de transmitir os vírus é drasticamente reduzida. Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominantes, diminuindo assim o número de casos associados a essas doenças.

Implementação do Método em Campo Grande

Para a implementação do método, Campo Grande instalou unidades de amplificação para a distribuição desses mosquitos. Desde o início do projeto na capital do Mato Grosso do Sul, cerca de 500 agentes foram capacitados para dialogar com a população, esclarecer dúvidas e apresentar o funcionamento do método. As estimativas apontam que foram alcançadas mais de 900 mil pessoas em Campo Grande, abrangendo uma área de 339 km².

A prefeitura e o governo do Mato Grosso do Sul continuarão monitorando o método Wolbachia pelos próximos dois anos para garantir resultados ainda mais contundentes.

Desenvolvimento do Projeto em Petrolina

Em Petrolina, a liberação de Aedes aegypti com Wolbachia ocorreu por meio dos dispositivos de liberação de ovos, as chamadas Casas do Wolbito, nas comunidades de Antônio Cassimiro, Cosme e Damião, Dom Avelar, Jardim São Paulo, João de Deus, São Gonçalo, Novo Tempo e Pedra Linda e seus arredores. Os mosquitos foram liberados semanalmente pela equipe municipal, acompanhada por um membro da equipe local do WMP. Um total de 217.469 pessoas participaram de atividades comunitárias organizadas pelo WMP e por equipes municipais. Desde então, as estimativas apontam que mais de 300 mil pessoas foram alcançadas em Petrolina, em uma área de 105 km².

Expansão da Iniciativa no Brasil

Além de Campo Grande e Petrolina, outras cidades brasileiras como Belo Horizonte (Minas Gerais), Fortaleza (Ceará), Foz do Iguaçu (Paraná) e Manaus (Amazonas) também participam da iniciativa e estão em diferentes fases de implantação. O município de Niterói (Rio de Janeiro) foi pioneiro no uso da Wolbachia para a prevenção de arboviroses e, em 2023, se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método.

Resultados e Avaliações

O trabalho em Niterói começou em 2015 com uma ação piloto em Jurujuba e, em 2017, expandiu para 33 bairros das regiões das praias da Baía e Oceânicas. Em 2019, a OPAS fez uma avaliação externa do Método Wolbachia em Niterói, utilizando o guia "Avaliação das estratégias inovadoras para o controle de Aedes aegypti: desafios para a introdução e avaliação do impacto dessas." A análise apontou que a técnica contribuiu para uma redução no número de casos de chikungunya em 75% quando comparadas as áreas do município onde foi feita a liberação de mosquitos com as que não fizeram. A equipe da OPAS também constatou que o projeto foi bem aceito pela população, gestores públicos e membros da comunidade.

Na 13ª reunião do Grupo Consultivo de Controle de Vetores (VCAG) da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, foi destacado que estudos conduzidos pelo Programa Mundial de Mosquitos (WMP) demonstraram a redução da capacidade do Aedes aegypti de transmitir o vírus da dengue. Em 2021, dados revelaram a eficácia da proteção com uma redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica. Naquele período, 75% do território estava coberto.

Mesmo com os desafios impostos pela pandemia da COVID-19, o trabalho seguiu com o monitoramento e a triagem dos mosquitos. Na fase de finalização, os mosquitos com a Wolbachia foram liberados em 19 bairros localizados na área da região Norte que ainda não estava coberta, na região de Pendotiba e na região Leste.

Por: Redação acsace.com.br Fonte: OPAS