Estudo Indica Maior Risco de Morte por Chikungunya Mesmo Após a Crise da Doença
Desde o início deste ano, as infecções causadas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue e chikungunya, têm sido motivo de preocupação. Recentemente, estados como Acre, Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal decretaram estado emergencial devido ao aumento dos casos de dengue, exigindo cuidado redobrado com o mosquito. Além disso, tem-se observado um aumento nos casos de chikungunya, com São Paulo enfrentando um aumento de 26% nos casos neste ano.
O Estudo Realizado
O aumento dos casos de chikungunya tem levantado questões sobre os riscos associados a essa doença. Um estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases investigou o risco de morte de pessoas infectadas por chikungunya durante dois anos após o início dos sintomas da doença. As descobertas revelaram um risco persistente de mortalidade mesmo após o período agudo da doença.
Evidências do Estudo
Liderado por pesquisadores do Centro de Integração de Dados para Conhecimentos em Saúde (Cidacs) e do Laboratório de Medicina e Saúde Pública de Precisão (MeSP2), ambos da Fiocruz Bahia, o estudo demonstrou evidências de um maior risco de morte mesmo após o período da infecção aguda pelo vírus chikungunya. Isso destaca a necessidade de uma compreensão mais profunda dos riscos associados a essa doença.
Implicações para a Saúde Pública
As descobertas deste estudo têm implicações significativas para a saúde pública, destacando a importância de uma abordagem abrangente no tratamento e manejo da chikungunya. Os profissionais de saúde devem estar cientes do risco persistente de mortalidade e monitorar de perto os pacientes mesmo após a fase aguda da doença.
Necessidade de Atualização nos Protocolos
Com base nas evidências apresentadas, é crucial atualizar os protocolos de tratamento e orientações clínicas para incluir o potencial de complicações associadas à chikungunya. Isso inclui uma atenção especial às primeiras semanas após o início dos sintomas, quando o risco de mortalidade é mais elevado.
Desenvolvimento de Medicamentos e Vacinas
Embora tenha sido aprovada nos Estados Unidos, ainda não há previsão para o início do uso da primeira vacina contra a chikungunya no Brasil. Isso destaca a necessidade urgente de desenvolver medicamentos e vacinas específicos para combater essa doença, além de garantir acesso a esses avanços em países com surtos recorrentes da doença.
Limitações do Estudo
É importante reconhecer as limitações deste estudo, incluindo a falta de avaliação de casos que necessitaram de internação hospitalar, mas que não resultaram em óbito. Isso pode ter subestimado o verdadeiro impacto da chikungunya na mortalidade, mas ainda assim, as descobertas fornecem insights valiosos sobre os riscos associados a essa doença.
Risco de Morte após a Infecção
Uma parte importante do estudo foi a comparação do risco de morte entre pessoas infectadas e não infectadas pelo vírus da chikungunya. Os dados revelaram um aumento significativo no risco de morte nas primeiras semanas após o início dos sintomas da infecção, destacando a gravidade das complicações associadas a essa doença.
Análise dos Dados
Ao analisar os dados, os pesquisadores observaram que as pessoas infectadas tinham um risco 8,4 vezes maior de morte nos primeiros dias após o início dos sintomas, em comparação com aquelas não infectadas. Embora esse risco diminuísse com o tempo, ainda permanecia elevado até 84 dias após o início dos sintomas.
Realização e Dados do Estudo
O estudo utilizou dados da coorte de 100 milhões de brasileiros, incluindo dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), Sistema Nacional de Informação sobre Doenças de Notificação Notificável (Sinan) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Foram incluídos 143.787 casos de doenças causadas pelo vírus da chikungunya entre 2015 e 2018, com 1.933 mortes relacionadas à doença.
Pesquisa Contínua
Em conclusão, o estudo liderado por Walisson Araújo e sua equipe oferece uma visão esclarecedora sobre os riscos associados à chikungunya. Suas descobertas destacam a necessidade de uma abordagem abrangente no diagnóstico, tratamento e prevenção dessa doença, além de destacar a importância de continuar a pesquisa para melhor entender os mecanismos que aumentam o risco de mortalidade.
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Por: Redação acsace.com.br
Fonte: Agência FioCruz