Cientistas da Unicamp Confirmam Circulação do Vírus Mayaro em Humanos em Roraima
Um novo estudo realizado pelo Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, juntamente com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, traz uma descoberta crucial: o vírus mayaro (MAYV) está circulando entre humanos em Roraima. Esta pesquisa, liderada pela bióloga Julia Forato, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular do IB, foi recentemente publicada na revista Emerging Infectious Diseases, uma publicação do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Circulação do Vírus Mayaro
A pesquisa utilizou técnicas avançadas de virologia, como isolamento viral e sequenciamento de nova geração, para identificar e caracterizar o vírus mayaro. Os resultados mostraram que se trata de uma linhagem pertencente ao genótipo D, similar às identificadas anteriormente na região amazônica e em países vizinhos como Peru e Venezuela.
O Vírus e sua Propagação
O vírus mayaro é considerado endêmico na América do Sul, sendo transmitido principalmente pelo mosquito silvestre Haemagogus janthinomys, mosquito silvestre conhecido por disseminar a febre amarela. Até o momento, não há registros de transmissão do vírus por mosquitos urbanos como o Aedes aegypti, conhecido por transmitir dengue e outras doenças.
Sintomas e Diagnóstico
A infecção pelo vírus mayaro em humanos causa sintomas semelhantes aos de outras arboviroses, como dengue e chikungunya, incluindo dores no corpo, fadiga e artralgia. A dificuldade no diagnóstico correto é destacada, pois os sintomas podem ser confundidos com outras doenças comuns na região.
Por provocar sintomas semelhantes aos de outras arboviroses bastante comuns no país, chegar ao diagnóstico correto de mayaro por critérios clínico-epidemiológicos é tarefa bastante difícil. “A hipótese diagnóstica original para todos os que testaram positivo para chikungunya ou mayaro era dengue”, observa o docente. O principal diferencial em relação à dengue é a probabilidade maior de causar artralgia e artrite crônica, condição em que as dores e inchaços nas articulações se prolongam e se tornam incapacitantes – como já ocorre com boa parte dos pacientes acometidos pela febre chikungunya. “Cerca de 50% das pessoas que têm artralgia [provocada por chikungunya] vão desenvolver sua versão crônica, podendo ficar até seis anos sofrendo com dores intensas que, dependendo da profissão, a impedem de trabalhar. É um problema social.”
Impactos e Alertas
A descoberta da circulação do vírus mayaro em Roraima levanta preocupações sobre sua propagação, especialmente devido à atividade humana na região, incluindo migrações e atividades laborais em áreas de mata. A coexistência do vírus mayaro e chikungunya na mesma região surpreendeu os pesquisadores e ressalta a importância de mais estudos e investimentos em pesquisas para entender e combater essas doenças.
Veja Também: Acre Registra 60 Casos de Oropouche e Mayaro em Dez Municípios
Por: Redação acsace.com.br
Fonte : Jornal da Unicamp