Explosão de casos de Dengue em Oito Estados e DF no Início de 2024

Aumento Alarmante: Dengue em Alta em Oito Estados e DF no Início de 2024

O mosquito Aedes Aegypti é vetor da zika, da dengue e do chikungunya
REUTERS/Jaime Saldarriaga

O ano de 2024 começou com um aumento explosivo nos casos de dengue, especialmente em oito estados e no Distrito Federal. Uma análise da Folha de S.Paulo, utilizando dados do Ministério da Saúde, revelou que esses locais experimentaram aumentos significativos, superando os 100% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Crescimento Drástico no Sul do Brasil

A situação é mais preocupante no Sul do país, onde as duas primeiras semanas do ano registraram 10.961 casos, abrangendo os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Este aumento representa um surpreendente salto de 958% em relação a 2023, quando apenas 1.036 pessoas foram infectadas na região. O aumento geral no país é de 105%, impulsionado não apenas pelo Sul, mas também por estados populosos como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

"Iniciamos os preparativos desde 2023 para o período de alta transmissão, previsto para o início deste ano. No entanto, não esperávamos esse aumento precoce", afirma Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.

Expansão dos Diagnósticos em Outras Regiões

Além do Sul, estados como Acre, Amazonas, Distrito Federal e Roraima também integram a lista de locais onde os diagnósticos dobraram ou mais. Os dados, provenientes do Painel de Monitoramento das Arboviroses, indicam uma preocupante tendência que vai além das fronteiras do Sul do Brasil.

Projeções Recordes para 2024

Autoridades de saúde projetam um recorde de casos em 2024, possivelmente ultrapassando as máximas históricas. As estimativas, divulgadas em dezembro pelo Ministério da Saúde em parceria com o grupo InfoDengue da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam para um número entre 1,7 milhão e 5 milhões de diagnósticos, com uma projeção média de 3 milhões.

Fatores Contribuintes para a Epidemia

Especialistas apontam que a expectativa para este ano está ligada a uma combinação de fatores favoráveis à proliferação do mosquito transmissor do vírus. Entre esses fatores, destacam-se a intensidade do calor e das chuvas no país.

"A saúde está intrinsecamente ligada às discussões ambientais. As mudanças climáticas impactam a saúde de forma geral, especialmente nos grupos mais vulneráveis, e têm um efeito acentuado nas arboviroses", afirma a ministra Nísia Trindade.

Desafios e Estratégias para Combater a Dengue

Diante do ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil, o desafio é ainda maior. As quatro variações da doença circulam simultaneamente, situação considerada "incomum". Kleber Luz, coordenador do Comitê de Arboviroses da SBI, destaca: "A região Sul, que não registrava muitos casos de dengue, agora é uma das campeãs, devido ao aquecimento global, que favorece a proliferação do mosquito".

Além do Sul, Outros Estados Afetados

Além dos estados com aumentos acima de 100%, como mencionado anteriormente, São Paulo, Tocantins, Sergipe e Pernambuco também observaram elevações nos casos da doença nas primeiras semanas de 2023.

Em números absolutos, Minas Gerais lidera com 14.189 casos, seguido por São Paulo (9.824), Paraná (8.348), Distrito Federal (7.449) e Rio de Janeiro (4.352). Em termos proporcionais, o Distrito Federal apresenta a maior incidência na população, com 2.644 casos a cada 1 milhão de habitantes na primeira quinzena.

Desafios Climáticos e Atividades de Controle

As chuvas intensas desde o fim do ano passado têm dificultado as atividades de controle do mosquito. Ivana Belmonte, coordenadora de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde do Paraná, ressalta que os dados elevados eram esperados devido ao fenômeno El Niño.

Estratégias de Mitigação da Dengue

Para minimizar o impacto da dengue, é determinante evitar a formação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. A monitorização do mosquito, a capacitação dos médicos no tratamento da doença e a vacinação de crianças de 6 a 16 anos são ações fundamentais.

Diante da explosão de casos em 2024, o governo federal destaca a importância da capacidade dos estados e municípios em implementar ações de vigilância e controle. O Ministério da Saúde investiu R$ 256 milhões para enfrentar as arboviroses, visando a efetivação de medidas de controle vetorial e manejo clínico.

Os agentes de combate às endemias são peças-chave no combate à dengue, desempenhando papel crucial nas ações de campo. A estratificação de risco intramunicipal e a implementação de novas tecnologias são passos importantes para enfrentar essa epidemia, sendo respaldadas por evidências científicas.

"A população deve estar receptiva a esses profissionais capacitados para a orientação e o controle dos criadores do mosquito", destaca Alda Maria da Cruz, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. A luta contra a dengue exige uma abordagem integrada e proativa para mitigar os impactos dessa crescente epidemia no Brasil.


Por: Redação acsace.com.br

Fonte: Folha de São Paulo

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