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Novo Estudo Aponta Desigualdades no Acesso ao Parto Hospitalar no Brasil
Um novo estudo publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas aponta desigualdades significativas no acesso ao parto hospitalar no Brasil. A pesquisa, conduzida pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), revela que 1 em cada 4 mulheres (25,4%) teve que sair do município para dar à luz em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). A distância e o tempo de viagem também cresceram consideravelmente, com aumentos de 31,1% (de 54,0 km para 70,8 km) e 33,6% (de 63,1 min para 84,3 min), respectivamente.
Desigualdades Regionais no Acesso ao Parto
O levantamento mapeou mais de 6,9 milhões de partos realizados entre 2010–2011 e 2018–2019, evidenciando as desigualdades no acesso ao parto hospitalar. O estudo destaca que a região Norte e Nordeste enfrenta os maiores desafios, com mulheres percorrendo distâncias de 57 km a 133 km e enfrentando tempos de viagem entre 54 min e 355 min. A coordenadora do estudo, Bruna Fonseca, explica que o acesso ao parto é significativamente mais fácil nas regiões Sudeste e Sul, com distâncias de viagem variando entre 37 km e 56 km e tempos de viagem entre 38 min e 52 min.
Desafios para uma Rede Obstétrica Regionalizada
Bruna Fonseca aponta as dificuldades de promover um acesso adequado a uma rede obstétrica regionalizada no Brasil. "Embora algumas políticas busquem reduzir a distância de viagem, elas não definem referências claras sobre o que é considerado aceitável em termos de distância e tempo", afirma a pesquisadora.
A regulamentação atual estipula uma taxa de 0,28 leitos obstétricos para cada 1.000 habitantes dependentes do SUS, mas a pesquisa aponta diferenças regionais consideráveis nas taxas de fecundidade, práticas de parto e necessidades específicas de cada território. A pesquisadora reforça a importância de políticas que considerem a heterogeneidade regional do país.
A Distância e os Resultados Maternos e Neonatais
Outro ponto relevante do estudo é que mulheres que enfrentaram óbito materno e/ou neonatal percorreram distâncias maiores para dar à luz. Enquanto mulheres com resultados normais de parto viajaram uma média de 74,9 km e 85,0 min, aquelas que enfrentaram complicações percorreram 94,0 km e 100,9 min no último biênio analisado (2018-2019). A pesquisa sugere que a distância e o tempo de viagem podem ser fatores de risco, mas também destaca a importância de outros aspectos, como o estado de saúde da gestante, a infraestrutura hospitalar e o acesso ao pré-natal.
Impacto da Rede Cegonha e Futuras Análises
O estudo comparou dois períodos da atenção materno-infantil no Brasil, antes e após a implementação da Rede Cegonha, uma política do Ministério da Saúde com o objetivo de melhorar o acesso e a qualidade do cuidado para gestantes e bebês. A coordenadora do estudo comentou que o objetivo foi acompanhar as mudanças nas condições de parto com a implementação dessa política pública.
Metodologia do Estudo
A pesquisa foi realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), utilizando dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS para estimar fluxos de viagens, distâncias e tempos entre os municípios de residência das mulheres e os hospitais.
Por: Redação www.acsace.com.br Fonte: Agência Fiocruz