APS - Agentes Comunitários de Saúde são Destaque em Pesquisa Sobre Prioridades no SUS

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Doenças Infecciosas e Transtornos Mentais: Prioridades no SUS 

Novo Financiamento da APS, ACS,ACE,Jasb - jornal dos agentes

Profissionais de Saúde Apontam Necessidades Urgentes

Profissionais de saúde pública destacam a necessidade de priorizar temas como doenças infecciosas silenciosas, saúde de pessoas em vulnerabilidade social e saúde mental como indicadores de desempenho na Atenção Primária à Saúde (APS), que é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pela organização ImpulsoGov em parceria com o Ministério da Saúde.

Pesquisa Revela Prioridades Emergentes

A pesquisa realizada teve como objetivo identificar as áreas da saúde pública que requerem melhorias. Os resultados mostraram não apenas uma clara prioridade para temas já consolidados no monitoramento da saúde, como gestantes, doenças crônicas e saúde infantil, mas também a necessidade de atenção para áreas emergentes.

Os indicadores obtidos são fundamentais para o cofinanciamento federal do piso da APS no SUS, que considera o cumprimento de metas. Atualmente, está em vigor um modelo de transição, resultado de uma portaria que encerrou o modelo anterior, conhecido como Previne Brasil, implementado em 2020 durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Metodologia e Participação

O levantamento contou com a participação de profissionais em 1.368 municípios de todas as unidades federativas do Brasil. Um total de 20.711 pessoas inscritas na lista do ImpulsoGov para receber conteúdos sobre a APS foram convidadas a opinar sobre quais temas deveriam ser priorizados na construção de indicadores de desempenho. No entanto, apenas 3.262 responderam.

Os participantes foram solicitados a escolher um único tema entre quatro opções, sem saber da existência das demais. As respostas foram transformadas em comparações binárias entre as prioridades de cada participante e as alternativas disponíveis. Essa é a pesquisa mais abrangente a coletar percepções de profissionais de saúde em relação aos indicadores de desempenho na APS no Brasil, segundo o instituto.

Resultados da Pesquisa

Entre os dados coletados, as doenças infecciosas silenciosas — como tuberculose, hanseníase e hepatites virais — foram destacadas por 51,5% dos profissionais. A saúde de pessoas em vulnerabilidade social recebeu 50,2% das preferências, e os transtornos mentais, incluindo abuso de álcool e outras drogas, foram mencionados por 49,4%. O tema dos idosos também foi relevante, com 48,3% das preferências.

Além do ranking geral, o estudo fornece análises detalhadas por cargo dos respondentes, que incluíram agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos, dentistas e técnicos de enfermagem. As análises também consideraram a região geográfica, porte e vulnerabilidade dos municípios.

Importância dos Agentes Comunitários

Os organizadores da pesquisa notaram que os agentes comunitários de saúde atribuíram uma importância maior ao acompanhamento de questões de saúde mental em comparação aos demais grupos. Esse tema apareceu em terceiro lugar na priorização, logo atrás de hipertensão e diabetes, embora ainda não haja indicadores associados a ele.

João Abreu, diretor-executivo da ImpulsoGov, destacou que “os agentes comunitários são a categoria que menos consegue ser escutada em relação a políticas federais e são as pessoas que mais têm informações relevantes sobre o que está acontecendo, porque elas visitam as casas das pessoas todos os dias. Então, quando há mudanças nos perfis de saúde da população, eles são os primeiros a saber”.

Temas Menos Destacados

Em contrapartida, a pesquisa revelou que a saúde de pessoas com deficiência e a saúde do homem foram as áreas menos priorizadas pelos profissionais, recebendo apenas 15% e 14,4% das preferências, respectivamente. Segundo Abreu, isso é preocupante, pois “a saúde do homem enfrenta uma série de barreiras culturais; eles procuram menos o serviço de saúde, refletindo na atenção primária”.

Conclusões e Limitações

A amostra da pesquisa foi predominantemente composta por enfermeiros e coordenadores de equipe (40%), seguidos por técnicas de enfermagem (19%), outros cargos (16%), agentes comunitários de saúde (11%) e profissionais de gestão e apoio (11%). A maioria dos respondentes era da região Nordeste (38%), de municípios de média vulnerabilidade (30%) e com mais de 100 mil habitantes (40%).

Entretanto, o ImpulsoGov ressalta que, apesar da ampla adesão de profissionais em todas as unidades federativas e em mais de 1.300 municípios, a pesquisa não foi desenhada para maximizar a representatividade em relação à população brasileira ou ao universo de profissionais do SUS, o que significa que os resultados não podem ser extrapolados para todo o país.

Esta pesquisa é uma parceria com a Umane, uma associação que apoia iniciativas na área da saúde pública.


Por: Redação www.acsace.com.br Fonte: Folha Press