Audiência Pública sobre a Saúde dos Agentes e Guardas de Endemias dia 10/6, na Ensp-Fiocruz
No dia 10 de junho, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp-Fiocruz) será palco de um evento de extrema importância para a saúde pública: uma audiência pública sobre a saúde dos agentes e guardas de endemias. Este evento, organizado pelo grupo de pesquisa do Projeto Integrador Multicêntrico, em conjunto com a Alerj e os gabinetes dos deputados estaduais Elika Takimoto (PT), Carlos Minc (PSB) e Vitor Jr. (PDT), marcará o lançamento de uma Nota Técnica com dados obtidos após seis anos de trabalho. O objetivo é discutir o impacto à saúde desses trabalhadores pela exposição a agrotóxicos no Estado do Rio de Janeiro e apresentar legislações de proteção.
Boletim Informativo 4 de 2021 sobre Estudo - Dados Alarmantes (Expectativa de Vida de 54 anos no Estado do RJ)
Após seis anos de pesquisa, o Projeto Integrador Multicêntrico coletou dados que mostram os efeitos dos agrotóxicos na saúde dos agentes de endemias do . Estes resultados serão fundamentais para embasar as discussões e as propostas de novas legislações.
Resultados de Questionário On-line
Os resultados do questionário on-line, respondido remotamente pelos agentes de combate às endemias (ACE), foram apresentados aos trabalhadores em uma live no dia 11 de maio de 2021 e no evento "Encontros do Cesteh" em 11 de junho de 2021. De acordo com os dados obtidos, 61% dos ACE trabalham manipulando ou aplicando agrotóxicos, 47% mencionaram que não tinham Equipamento de Proteção Individual (EPI) disponível para trabalhar e 53% não receberam treinamento adequado. A média de trabalho em contato direto com esses produtos foi de 16 anos, variando de 1 a mais de 35 anos.
Os dados evidenciam as nocividades dos agrotóxicos utilizados ao longo do tempo e alertam para os perigos da sua utilização à saúde e ao ambiente. Novos produtos contendo ingredientes ativos de agrotóxicos, como clotianidina, deltametrina, imidacloprido (já banidos em outros países), praletrina e espinosade, introduzidos durante a pandemia nas ações de "combate" vetorial, também geram preocupação. Espinosade e imidacloprido apresentam elevada toxicidade para o ecossistema. A literatura mostra efeitos, para seres humanos, como irritação ocular e dérmica, alterações hematológicas, alterações hepáticas, alterações na tireoide, processos inflamatórios, neurotoxicidade e carcinogenicidade associados aos novos agrotóxicos introduzidos.
Essas questões corroboram os resultados obtidos das amostras de declarações de óbitos dos trabalhadores. Verificou-se que 71% das mortes entre os trabalhadores ocorreram em idade produtiva (40-59 anos), com média de idade de 54 anos. As principais causas de morte foram as doenças do aparelho circulatório (39%) e câncer (15%). Até 2010, eram menos de cinco óbitos por ano e o número de mortes aumentou progressivamente para cerca de 40 óbitos anuais a partir de 2015. Veja o Informativo AQUI
Para conhecer mais sobre o Projeto Integrador Multicêntrico sobre agentes e guardas de endemias, acessar o link abaixo:
Por: Redação acsace.com.br
Fonte: Sindsprev-RJ