Investigação sobre Possíveis Casos de Intoxicação Exógena Associados ao Uso do Larvicida Biológico Bacillus thuringiensis israelensis – VectoBac®WG, Cepa AM 65-52, no Estado da Bahia
Resumo da nota NOTA INFORMATIVA Nº 29/2023-CGARB/DEDT/SVSA/MS
O Ministério da Saúde, em 2022, recomendou o uso do larvicida VectoBac®WG à base de Bacillus thuringiensis israelenses (Bti) para o controle do Aedes aegypti e Aedes albopictus. Este larvicida, composto por 3.000 Unidades Tóxicas Internacionais (UTI) por miligrama, cepa AM65-52, tem se destacado por sua eficácia no combate às larvas de mosquito.
Mecanismo de Ação
O ingrediente ativo Bti é composto por cristais proteicos e esporos. Quando aplicados na água, esses cristais interagem com a parede intestinal das larvas, provocando sua rápida ruptura. Esse processo leva à cessação da atividade larval, resultando na morte dos insetos em até 24 horas após a aplicação do produto.
Larvicidas Biológicos e Segurança
O uso de larvicidas biológicos, como o VectoBac®WG, tem sido recomendado devido à sua menor toxicidade em comparação com formulações químicas. Além disso, há menor risco de seleção de populações de mosquitos resistentes a inseticidas. Detalhes sobre a utilização e princípios desses larvicidas estão descritos na NOTA TÉCNICA Nº 39/2022-CGARB/DEIDT/SVS/MS (0030373125).
Distribuição e Implementação
A distribuição do larvicida teve início em janeiro de 2023, atendendo aos estados que solicitaram por meio do Sistema de Insumos Estratégicos – SIES. Até 10/11/2023, foram distribuídos 112.572 Kg do larvicida para 20 estados, substituindo o larvicida Espinosade.
Investigação de Casos de Intoxicação
Relato Inicial
Em 28 de setembro de 2023, a Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses recebeu comunicado da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia sobre possíveis casos de intoxicação entre Agentes de Controle de Endemias que manipularam o VectoBac®WG. Os casos foram relatados em municípios específicos.
Ação e Reuniões
Diante disso, em 6 de outubro, a equipe da CGARB acionou o EpiSUS/MS para investigação. Reuniões virtuais foram realizadas com diversas entidades, incluindo a Secretaria de Saúde da Bahia, para coleta de informações e discussão de hipóteses.
Medidas Adotadas
Visita Técnica
Técnicos foram deslocados para os municípios afetados, discutindo achados e levantando hipóteses. Durante a visita ao Centro de Controle de Zoonoses de Porto Seguro, observou-se o armazenamento adequado do larvicida, mas foram identificadas práticas de manuseio que podem ter contribuído para os casos de intoxicação.
Hipóteses Levantadas
Foram levantadas hipóteses, incluindo treinamento inadequado, uso indiscriminado do produto e condições de manuseio em áreas abertas com vento. Uma investigação detalhada foi delineada pelo EpiSUS, entrevistando 152 Agentes de Combate às Endemias nos municípios de Porto Seguro e Eunápolis.
Conclusões e Recomendações
Diante dos resultados, recomenda-se a capacitação dos ACEs, a suspensão cautelar de lotes associados aos casos de intoxicação, e a adoção de Equipamentos de Proteção Individual adequados. Além disso, medidas foram tomadas para revisão da FISPQ e análises físico-químicas do larvicida. A nota será atualizada conforme avanço das investigações.
O controle vetorial é crucial, mas a utilização responsável de inseticidas, como o VectoBac®WG, é fundamental para garantir a eficácia sem comprometer a segurança dos profissionais envolvidos.
Por fim ,a nota destaca-se que todas as atividades de controle com uso de inseticidas devem estar integradas ao controle mecânico e demais estratégias que otimizem a efetividade das ações sobre as populações de mosquitos, e que até o momento as evidências são insuficientes de inadequação do larvicida que motivem sua descontinuidade no cenário nacional e que a nota será atualizada logo que as análises laboratoriais sejam concluídas.