Combate à Dengue e demais Arboviroses: Investimentos e Estratégias
Com a chegada do período chuvoso e das altas temperaturas, os casos de dengue, chikungunya e Zika têm uma tendência natural de aumentar. O governo federal, ciente desse desafio sazonal, está ativamente engajado em monitorar e enfrentar as arboviroses no Brasil. O Ministério da Saúde, como parte de suas medidas preventivas, está destinando R$ 256 milhões para fortalecer a vigilância e o controle dessas doenças. Vamos explorar as iniciativas e estratégias em destaque.
Investimentos para Enfrentar o Aedes aegypti
Do montante total, R$ 111,5 milhões serão aplicados até o final deste ano, visando reforçar as ações de vigilância e contenção do Aedes aegypti. Destes, R$ 39,5 milhões serão destinados aos estados e ao Distrito Federal, enquanto outros R$ 72 milhões serão direcionados aos municípios. Adicionalmente, está previsto um repasse significativo de R$ 144,4 milhões para impulsionar as ações de vigilância em saúde em todo o país.
Campanha de Conscientização e Colaboração
Recentemente, em Brasília, foi apresentada uma série de iniciativas durante uma coletiva de imprensa, incluindo o lançamento da campanha "Combate ao Mosquito: para fazer diferente, precisamos agir antes". Liderada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, a campanha será veiculada na TV aberta, redes sociais e locais de grande circulação. Destaca-se a importância do esforço conjunto entre governo, estados, municípios e a sociedade.
Vacina Qdenga e Tecnologias Emergentes
A análise da vacina Qdenga está em andamento pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). O Ministério da Saúde está atento às novas tecnologias, abrindo consulta pública sobre a proposta de incorporação do imunizante no SUS. A Conitec recomendou inicialmente a incorporação para localidades e grupos prioritários, aguardando as contribuições da sociedade para emitir uma recomendação final.
Sala Nacional de Arboviroses e Monitoramento em Tempo Real
Uma medida crucial é a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA), um espaço permanente para monitorar em tempo real os locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika. A sala permitirá direcionar efetivamente as ações de vigilância, coordenar medidas durante a resposta e promover a articulação com gestores estaduais e municipais do SUS.
Painel Público de Monitoramento de Arboviroses
Para ampliar a transparência, o Ministério da Saúde lançou o Painel Público de Monitoramento de Arboviroses. Essa ferramenta fornece em tempo real dados sobre casos prováveis, óbitos, taxa de letalidade e hospitalizações por dengue, Zika e chikungunya. A plataforma permite comparações entre anos, recortes por faixa etária, sexo, estado e município.
Estratégia Wolbachia e Expansão para Novas Localidades
O método Wolbachia, uma estratégia adicional de controle, está sendo expandido para municípios como Natal, Uberlândia, Presidente Prudente, Londrina, Foz do Iguaçu e Joinville, além das cidades já incluídas na pesquisa. Essa iniciativa, que envolve a liberação de mosquitos infectados, busca bloquear a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, Zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti.
Panorama Epidemiológico e Desafios Climáticos
Até a semana epidemiológica 48, o Brasil registra aumento nos casos de dengue e chikungunya em 2023, com fatores climáticos, incluindo o El Niño, sendo apontados como influenciadores. A resposta inclui medidas simples da sociedade, como eliminar criadouros e evitar água parada.
Dengue no Brasil: Aumento de 15,8% nos Casos e 5,4% nos Óbitos
Até a semana epidemiológica 48, o Brasil enfrenta uma realidade preocupante com um aumento notável de 15,8% nos casos de dengue em 2023, totalizando 1.601.848 casos, quando comparado ao mesmo período de 2022, que registrou 1.382.665 casos. Além disso, os óbitos relacionados à dengue aumentaram em 5,4% em 2023, totalizando 1.053, em comparação aos 999 registrados no mesmo período do ano anterior.
Chikungunya: Redução nos Casos, mas Aumento nos Óbitos
Em contraste, a chikungunya apresentou uma redução significativa de 45% nos casos, registrando 145.342 em 2023, comparado aos 264.365 casos no mesmo intervalo de 2022. No entanto, os óbitos relacionados à chikungunya aumentaram em 7,5%, com 100 casos registrados em 2023 em comparação aos 93 no mesmo período do ano anterior.
Zika: Marginal Aumento nos Casos, Sem Registros de Óbitos
No cenário epidemiológico da Zika, até a semana epidemiológica 48, o Brasil apresenta um aumento modesto de 1% nos casos da doença em 2023, totalizando 7.275, em comparação aos 7.218 casos registrados no mesmo período do ano anterior. Importante ressaltar que não há registros de óbitos relacionados à Zika neste período.
Avaliação do Índice de Infestação: Domicílios como Principais Focos
O 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento de Índice Amostral (LIA) em 2023 destacam que 74,8% dos criadouros estão nos domicílios. Vasos, pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeiras e depósitos de construção são os principais focos. Depósitos elevados e no solo vêm em segundo lugar, enquanto pneus e lixo representam uma parcela menor.
Medidas de Controle e Projeções Futuras
O Ministério da Saúde está ativamente envolvido no controle de criadouros, fornecendo biolarvicidas e adquirindo recursos para enfrentar os desafios em 2024 e 2025. O levantamento de índice de infestação destaca que a maioria dos criadouros está nos domicílios, reforçando a importância da participação da sociedade na prevenção.
Em conclusão, a batalha contra as arboviroses exige esforços coordenados e ações preventivas contínuas. O Brasil, com suas estratégias abrangentes e investimentos significativos, busca proteger a saúde pública e enfrentar os desafios climáticos que afetam a incidência dessas doenças.