Redução das Desigualdades de Saúde: Agentes Comunitários de Saúde Fazem a Diferença

Rádio USP Destaca Atuação dos Agentes Comunitários de Saúde e seu Papel para Redução das Desigualdades de Saúde no País

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Importância dos Agentes Comunitários de Saúde

Os agentes comunitários de saúde são peças-chave na construção de sistemas de saúde públicos, gratuitos, universais e centrados na atenção primária. Esses trabalhadores, muitas vezes, enfrentam desafios significativos como a falta de reconhecimento e baixos salários, mas continuam lutando pela valorização e reconhecimento de seu trabalho essencial. As atividades desses profissionais podem ser desenvolvidas tanto em domicílio quanto na comunidade, de forma individual ou coletiva, seguindo sempre as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Relevância Durante a Pandemia de Covid-19

Durante a pandemia de covid-19, a importância dos agentes comunitários de saúde foi ainda mais evidenciada. Eles desempenharam um papel vital no fornecimento de atendimento às comunidades, cuidados familiares e infantis, e outros serviços que contribuem significativamente para o bem-estar da população. Nesse período, esses profissionais mostraram uma adaptabilidade crucial, realizando visitas peridomiciliares para monitorar a saúde das famílias sem entrar nas residências, adaptando suas práticas aos desafios impostos pela crise sanitária.

Cobertura e Desafios

Atualmente, cerca de 300 mil agentes comunitários estão vinculados ao SUS no Brasil, sendo a maioria mulheres. A cobertura das equipes de saúde da família no país atinge cerca de 60% da população. No entanto, muitos desafios ainda persistem. A profissão foi formalmente regulamentada apenas em 2002 e o estabelecimento de um piso salarial de dois salários mínimos apenas em 2022. Mesmo com esses avanços, muitos municípios enfrentam condições precárias de trabalho e direitos não garantidos, afetando o desempenho desses profissionais.

As dificuldades enfrentadas pelos agentes comunitários variam significativamente dependendo da localização. Em áreas rurais e remotas, eles enfrentam longos deslocamentos e, muitas vezes, precisam usar recursos pessoais, como motocicletas ou cavalos, para chegar às casas dos pacientes. Em contraste, nas grandes cidades, os desafios incluem barreiras de acesso impostas por edifícios ou determinados moradores.

A Importância da Atenção Primária

A professora Aylene Bousquat, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, ressalta que a atenção primária no Brasil possui um componente comunitário que tenta entender os determinantes sociais no processo de saúde e doenças. Esse componente é essencial para a tradução do conhecimento técnico das equipes de saúde para a população local, garantindo o acesso aos cuidados necessários.

Luta por Melhores Condições de Trabalho

Durante a reunião anual da Organização Internacional do Trabalho deste ano, agentes comunitários de saúde de todo o Brasil destacaram a importância vital de seu trabalho e a necessidade de melhores condições de trabalho. Desde a crise sanitária causada pela pandemia de covid-19, esses profissionais têm lutado persistentemente por melhorias em suas condições de trabalho, buscando reconhecimento e valorização.

Resultados Positivos na Redução das Desigualdades

A combinação dos fatores comunitários e individuais no cuidado à saúde explica os excelentes resultados dos indicadores brasileiros na diminuição das desigualdades, mesmo com recursos limitados. A experiência brasileira na atenção primária tem mostrado ser eficaz na redução das desigualdades de saúde no país, demonstrando a importância dos agentes comunitários nesse processo.

Os agentes comunitários de saúde são fundamentais para a construção de um sistema de saúde que seja acessível a todos, promovendo a equidade e o bem-estar da população. 

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Por: Redação acsace.com.br Fonte: Radio USP